No mundo ocidental, a prática de Surya Namaskar tem muitos adeptos e é executada em quase todas as aulas de yoga pelos praticantes como sendo um tipo de aquecimento, ou seja, uma preparação para os restantes asanas. Tudo o que tenho lido me levou a querer aprofundar o meu conhecimento sobre esta prática. Encontrei matéria suficiente para escrever um livro, portanto este texto somente pode ser um resumo acerca de uma prática milenar sobre a adoração ao sol que se desenvolveu numa prática física além do espiritual. Por exemplo, não só descobri que foi um dos exercícios de condicionamento primário dos guerreiros Kshatriya da Índia, como que na Índia existe um verdadeiro movimento para que a prática desta sequência de doze posturas, ou asanas, seja reconhecida como uma mais valia para a saúde geral das populações – tanto nas escolas como nos locais de trabalho, etc. Inclusive, encontrei dois artigos sobre o Governo do Estado de Madhya Pradesh que já instalou a sua prática voluntária nas escolas e colégios.
A prática de Surya Namaskar em si começou já há alguns milénios….
Adoração ao Sol
A adoração do sol é uma das mais antigas formas de expressão religiosa, sendo praticada por povos de todo o mundo desde os princípios da História. Ainda hoje existem testemunhos desta prática em artefactos e templos que vão dos mais simples, como as pedras de Stonehenge, aos mais sofisticados, como as pirâmides do Egipto.
Os antigos povos da Índia também tinham a prática de venerar o sol que persiste ainda hoje na forma dos cânticos e rituais diários e que tem os seus princípios escritos nos Vedas, os textos sagrados da doutrina Hindu. Os Vedas são compostos por quatro livros, Rig-Veda (geralmente considerado o mais antigo), Yajur-Veda, Sama-Veda e Atharva-Veda. O Rig-Veda está dividido em dez livros ou mandalas nos quais estão incluídas 1028 estrofes que glorificam os deuses, incluindo Surya, deus do sol.
No livro “A Vedic Reader for Students”, Arthur Anthony Macdonnell escreve sobre esta divindade do seguinte modo:
“Alguns dez cânticos são dirigidos a Surya. Como o nome indica tanto o orbe do sol como o deus, Surya é o mais concreto das divindades solares, estando a sua ligação com os luminares sempre presente na mente dos profetas. O olho de Surya é mencionado várias vezes; mas o próprio Surya também é frequentemente chamado o olho de Mitra e Varuna, também como o de Agni e outros deuses. É perspicaz, previdente, o espião de todo o mundo; observa todos os seres, e os actos bons e maus dos mortais. Desperta os homens a fazer as suas actividades. É a alma ou guardião de tudo que se mexe ou que se mantém imóvel. O seu carro é puxado por um corcel chamado etasá, ou por sete éguas velozes chamadas baios hárit. (….) Surya brilha para todo o mundo, para os homens e os deuses. Dispersa a escuridão, que enrola como uma pele, ou que os seus raios impelem como uma pele para dentro das águas. Mede os dias e prolonga a vida. Afasta a doença, as enfermidades, e os sonhos maus. Todas as criaturas dependem dele, e o epíteto ‘todo-criador’ (visvá-karman) é-lhe aplicado. Por sua grandeza é o sacerdote divino (asuryá puróhita) dos deuses.”
No seu livro “A Tradição do Yoga”, Georg Feuerstein, no capítulo 4 intitulado “O Yoga nos Tempos Antigos”, retrata os rituais baseados nos Vedas e explica que se distinguiam “(…)duas espécies de ritos sacrificiais: os sacrifícios domésticos, ou griha, e os sacrifícios públicos, ou shrauta.” Continua a explicar que “(…) cada família das classes dos brâmanes, dos guerreiros e dos agricultores/artesãos/comerciantes – era obrigada a cumprir o sacrifício do fogo (homa) duas vezes por dia, ao nascer e ao pôr-do-sol.” Os sacrifícios públicos, liderados pelos sacerdotes, destinavam-se a invocar um determinado deus como Indra, Agni, Soma, Rudra, Surya, Savitri ou as deusas Vâc, Ushâ e Sarasvati para conseguir uma vida longa, saudável e próspera.
Feuerstein escreve que os videntes ou rishis “(…)cuja sabedoria promanou numa poesia rítmica e numa linguagem altamente simbólica” formaram os hinos dos Vedas com os quais queriam mostrar:
“(…) o caminho que leva a esse Ser eterno, que é único (eka) e não nascido (aja) mas recebe muitos nomes. Os videntes védicos recebiam as suas visões sagradas como recompensa de um árduo trabalho – de muitas asceses e de uma profunda aspiração à iluminação espiritual.”
Também escreve que os estudiosos ocidentais tinham-se enganado quanto à antiguidade do Yoga. Foi somente quando ligaram a existência de certos artefactos ao Rig-Veda que puderam tirar outras conclusões. Os estudos recentes demonstram que existia o “Proto-Yoga” como um conjunto informal de doutrinas e métodos na época do Rig-Veda que foi composto bastante tempo antes do ano 1900 a.e.c.
Sobre o Rig-Veda, hino 5.81, Feuerstein escreve que este “apresenta o Yoga Solar que teve papel tão preponderante na espiritualidade da civilização védica.” Em seguida, na página 155, escreve:
“O sol, enquanto manifestação visível da Luz transcendente, é uma das imagens centrais do Proto-Yoga Védico. Este hino [5.81] revela alguns elementos do Yoga Solar dos rishis. A realização espiritual é a iluminação do mundo interior da consciência pela Luz não-manifesta, que é o Ser Supremo.”
Os Puranas, que são narrativas que tratam da origem das genealogias das dinastias reais até a genealogia do próprio universo, contêm referências ao sol, à raça e à dinastia Solar. Por exemplo, no Brahma-Purana, podemos ler acerca da raça Solar (capítulo 5), os seus reis (capítulo 6), a glória do deus do Sol (capítulo 28) e os cento e oito nomes do deus do Sol (capítulo 31). O propósito dos Puranas foi o de divulgar as diversas tradições religiosas aos fiéis mas também contêm exposições sobre os ensinamentos de Yoga dos mais diversos tipos.
O Ramayana, é uma epopeia que conta a história de Rama, um rei da dinastia Suryavansh (a dinastia Solar), e a sua esposa, Sita, que é raptado por um rei demónio, Ravana. Antes do começo da batalha entre Rama e Ravana, o Sábio Agastya ensina ao Rama o seu famoso hino Aditya Hridayam para invocar o deus do sol, Surya, e sair vencedor (Livro V – Yuddha Kanda; Canto CVI).
O deus do sol é considerado o mais potente dos deuses nas escrituras de Hinduísmo, e, sendo o mais visível, pode ser venerado directamente sem intermediação de um sacerdote. Nas Vedas é considerado a alma do universo e controla tanto o inanimado como o animado.
Surya Namasakar nos Tempos Modernos
Existem muitas variações de Surya Namaskar, algumas com poucas diferenças, o que faz com que seja fácil encontrar uma sequência que pode ser adaptada consoante a capacidade de cada praticante. Por exemplo, no Ashtanga Yoga, um estilo ensinado por Sri Pattabhi Jois, são recomendadas duas sequências de Surya Namaskar, o “A” e o “B”. Primeiro, ao praticante é ensinada a sequência “A” e quando esta está bem estabelecida, passa a aprender a sequência “B”. Por fim, o praticante passa a fazer cinco rondas de cada sequência. Outros grandes mestres, como Swami Sivananda (1887-1963) e Swami Satchidananda (1914-2002), recomendavam a prática de Surya Namaskar, de preferência de manhã e acompanhado por mantras.
O Rajá de Aundh
Shrimant Balasahib Pandit Pratinidhi (1868-1951) foi o Rajá de Aundh entre 1909 e 1947. Considerado um legislador sábio, humanitário e visionário, instigou e participou na ratificação do estado para ser auto-governado pelo povo. O Rajá foi um conhecedor e coleccionador de arte, e fundador do Museu e Biblioteca Shri Bhavani. Também tinha uma certa habilidade como artista plástico.
O Rajá foi incluído neste trabalho porque, provavelmente, foi a pessoa responsável pela difusão da prática de Surya Namaskar não só no seu país de origem como no mundo ocidental, juntamente com a jornalista, Louise Morgan.
Louise Morgan descreve assim o seu primeiro encontro, para uma entrevista com o Rajá de Aundh:
“Anteriormente, tinha descoberto que o Rajá tinha mais de setenta anos, e, sabendo que os Indianos envelhecem enquanto ainda novos, estava preparada para encontrar alguém com os músculos flácidos e rugas ainda mais profundas que marcam a grande maioria das “pessoas velhas” em qualquer sítio. Contudo, imaginem a minha surpresa, quando a secretária do Rajá me apresentou na sala de uma suite no Hotel Savoy, ao ver um homem que se movimentava como um jovem ágil e flexível, os olhos a brilhar como um rapaz, os dentes brancos e fortes, os músculos firmes, um sorriso radiante, e uma mente que funcionava como o relâmpago de Verão.”
O Rajá divulgou a razão do seu aspecto jovem e da sua saúde robusta (declarou que nem sequer tinha apanhado uma constipação em 28 anos): uma sequência de dez posturas chamada Surya Namaskar.
A jornalista voltou para a redacção do “News Chronicle” e publicou um artigo sobre o Rajá e as suas recomendações para praticar Surya Namaskar. O artigo suscitou alguma curiosidade junto dos leitores que escreveram cartas querendo mais informações, tornando-se necessário publicar uma série de artigos com mais detalhes sobre a prática. Tudo culminou numa reedição em 1938 (a primeira edição data de 1928) do livro, “The Ten Point Way to Health”, da autoria do Rajá de Aundh, desta vez com uma introdução escrita por Louise Morgan.
O livro, com pouco mais de cem páginas, descreve como e quando se deve praticar Surya Namaskar e detalha os seus benefícios. Explica como se deve respirar e como entoar mantras durante a sua execução e ainda contém recomendações para uma dieta saudável. A primeira vez que o livro foi publicado na Índia esgotou-se, sendo necessário publicar mais edições que o Rajá pagou do seu próprio bolso, com o lucro resultante a reverter a favor de obras sociais.
As aulas de Hatha Yoga
Dentro das aulas, a sequência de Surya Namaskar já é uma prática muito conhecida, principalmente como um modo de preparação para os outros asanas, como já foi dito neste trabalho. Geralmente é praticado sem a recitação de mantras ou a visualização dos chakras, como será descrito mais à frente, dando maior ênfase à respiração e à sua ligação aos movimentos que compõem Surya Namaskar.
Parece que a atracção e a popularidade de Surya Namaskar para os praticantes ocidentais – que estão mais habituados a ginástica, aerobica e outros estilos de exercícios praticados de um modo mais acelerado e forçado – reside nos movimentos contínuos e na sensação subsequente de bem estar que estimula. De uma certa forma, apreciam o desafio de ter que conquistar algo, e entregam-se ao processo de conseguir fazer fluir a prática, sendo esse acto de entrega um passo importante tanto na prática de Surya Namaskar como nos asanas.
Como praticar Surya Namaskar
Talvez o ponto mais importante a reter quando começamos a praticar Surya Namaskar é “não forçar”. Aqui podemos aplicar o primeiro yama (refreamento), ahimsa (não-violência) à nossa prática. Na prática dos asana, procuramos não forçar o corpo para além dos seus limites. Tornamo-nos violentos com nós próprios quando não aceitamos esses limites, podemos até causar lesões que levam tempo a sarar. Acabamos por limitar o corpo em vez de o deixar beneficiar dos asana e ao limitá-lo, ficamos impossibilitados de sentir os seus verdadeiros efeitos. O desconforto de forçar o corpo causará perturbações na mente, já não iremos conseguir mantermo-nos no momento, desligados do exterior, nem de manter os angas de pratyahara e dharana.
Como já foi referido, há muitas variações de Surya Namaskar a serem ensinadas hoje em dia. A variação descrita aqui serve como um exemplo para mostrar como devemos aliar os movimentos à respiração. Para aprendê-la, poderia ser dividida em duas ou mais etapas consoante o exemplo a seguir:
- 1ª etapa – começamos em pranamasana, passamos para hasta utthanasana,padahastasana/utthansana, voltando para hasta utthanasana, e acabamos com pranamasana.
- 2ª etapa – começamos em ashwa sanchalanasana, parvatasana/adho mukha svanasana, ashtanga namaskara, bhujangasana, voltando para parvatasana/ adho mukha svanasana, e em seguida ashwa sanchalanasana.
Quando já conseguimos praticar as duas etapas confortavelmente, podemos juntar as doze posturas, ou asanas, pela sua ordem habitual:
- Pranamasana – neste asana devemos sentir os pés bem assentes no chão como se estivessem enraizados, as pernas estão direitas, as nádegas para dentro, a coluna está direita e alongada, os ombros estão baixos e relaxados, o queixo está ligeiramente recolhido e ao unir as mãos ao peito, expiramos.
- Hasta utthanasana – inspiramos profundamente para expandir o peito, elevando as mãos ao ar em direcção ao tecto, endireitando os braços enquanto mantemos as pernas direitas.
- Padahastasana/utthanasana – expiramos, baixando o tronco (dobrando a partir das ancas e não da cintura), mantendo as pernas direitas. Se não conseguirmos colocar as mãos no chão, não devemos forçar. (Ao colocar as mãos no chão nesta postura, devemos mantê-las no mesmo sítio até sair da postura 10).
- Ashwa sanchalanasana – para entrar neste asana,colocamos as mãos no chão ao lado dos pés, dobrando os joelhos se for preciso, e levamos a perna direita atrás, colocando o joelho no chão, dobrando a perna esquerda, elevando o peito, inspirando e olhamos para cima.
- Parvatasana/adho mukha svanasana – o pé esquerdo junta-se ao pé direito, endireitamos as pernas e os braços, baixando o tronco, queixo ao peito, tentando formar um triângulo ou pirâmide com o corpo, deixando somente as mãos e pés no chão. Ao princípio podemos ter dificuldades em endireitar as pernas e chegar com os calcanhares ao chão, neste caso podemos dobrar os joelhos um pouco e deixar que os calcanhares se elevem do chão.
- Ashtanga namaskara – do asana 5, colocamos os joelhos, peito e testa no chão, dobrando os braços. Se isto for um movimento incómodo, podemos colocar os joelhos, antebraços e testa no chão, prontos para entrar na postura seguinte. Não respiramos neste asana.
- Bhujangasana – deslizamos testa, nariz, queixo e peito para frente, levantando-o do chão, endireitando os braços, apoiando-nos nas mãos e nas pontas dos pés. Inspiramos e olhamos para cima. Como alternativa podemos colocar as pernas e o peito dos pés no chão.
- Parvatasana/adho mukha svanasana – na expiração, empurramos com as mãos contra o chão e voltamos a fazer o triângulo/pirâmide.
- Ashwa sanchalanasana – levamos a perna esquerda à frente, colocando o pé entre as mãos mantendo a perna direita estendida para trás. Inspiramos, elevando o peito, curvando as costas. Olhamos para cima.
- Padahastasana/utthansana – agora o pé direito junta-se ao pé esquerdo, entre as duas mãos, expiramos, levando o tronco para baixo na direcção das pernas.
- Hasta utthansana – inspiramos, levando os braços para cima ao mesmo tempo que nos endireitamos.
- Pranamasana – expiramos, unindo as mãos em cima e baixamo-las à frente do coração.
Repetimos os doze asanas, desta vez levando a perna esquerda para trás em vez da direita em 4; em 9 levamos o pé direito à frente em vez do esquerdo. Assim contamos uma ronda. Podemos pouco a pouco aumentar o número das rondas consoante a nossa capacidade física.
No início, como principiantes, temos dificuldades em conseguir ligar as respirações aos movimentos e teremos que nos concentrar nas instruções a serem dadas. Essa concentração tem o efeito de apaziguar a mente, uma fase considerada importante no Yoga. Com o tempo, a coordenação da respiração e os movimentos deixam de ser um problema, e a consciência vira-se para dentro, para a interiorização. Sobre isto, Swami Satyananda escreve: “Surya Namaskar é quase um sadhana completo por si mesmo, composto por asana, pranayama e técnicas de meditação”.
Os Efeitos e Benefícios
O Yoga é primariamente um caminho espiritual mas os benefícios que os asanas induzem em termos físicos, emocionais, mentais e energéticos não podem ser negados.
H.H. Bhagavat Sing Jee fez a observação, no seu livro “A Short Story of Aryan Medical Science” (publicado primeiro em 1896), que na Índia existiam:
“(…) vários tipos de actividade física praticados no exterior e interior. Mas alguns dos Hindus guardam uma parte da sua adoração diária para executar Saudações ao Sol através das prostrações. Este método de adoração oferece tanta actividade muscular que, até certo ponto, toma o lugar da actividade física.”
Nos seus livros, Swami Satyananda e o Rajá de Aundh escrevem que existe um número significativo de benefícios quando Surya Namaskar é praticada regularmente.
Os doze asanas trabalham músculos, tendões e articulações e toda a estrutura da coluna, beneficiando directamente a medula e o sistema nervoso; também tonifica, purifica e estimula o nosso organismo por completo. Embora Surya Namaskar não possa ser considerada uma terapia, tem o efeito de optimizar o funcionamento de todos os sistemas do corpo.
Sistema Endócrino
Este sistema tem um papel vital em todo o organismo, coordenando e integrando todos os processos fisiológicos. A função principal das glândulas endócrinas é a produção de hormonas e a sua secreção para o sangue que por seu turno as leva para actuarem em certos órgãos, estimulando-os a fazer as suas respectivas funções.
l Glândula hipófise ou pituitária – esta glândula tem o tamanho de uma ervilha e é localizada na base do cérebro. Regula a função das outras glândulas, estimulando ou inibindo a sua secreção de acordo com as necessidades do organismo. Em Surya Namaskar, o aumento do fluxo de sangue na cabeça estimula o hipotálamo que regula a função pituitária; os asanas, ou posturas, de padahastasana/utthanasana e parvatasana/adho mukha svanasanasão os mais eficazes.
l Glândula pineal ou epífise – situada na base do cérebro acima da glândula hipófise, esta glândula funciona em pleno nas crianças até por volta dos oito anos de idade e aparenta ter um efeito directo sobre a glândula pituitária através do armazenamento de melatonina (hormona que também influencia o sono). Quando começa a diminuir em tamanho, os níveis de melatonina baixam, o que faz com que a glândula pituitária liberte as hormonas necessárias para a puberdade. Nos adultos a glândula pineal está frequentemente calcificada. Os asanas mencionados no parágrafo em cima são os que estão indicados na manutenção e tonificação desta glândula.
l Glândulas tiróide e paratiróides – a glândula tiróide situa na parte anterior do pescoço e tem o formato de uma borboleta. Esta glândula regula o metabolismo (a velocidade com que os alimentos são digeridos ou queimados), a temperatura do corpo, o crescimento e o desenvolvimento. Os movimentos feitos durante a execução de Surya Namaskar fazem com que a garganta seja comprimida e alongada alternadamente, estimulando uma secreção normal e equilibrada desta glândula. As glândulas paratiróides, que são quatro ao todo, têm o tamanho de um grão de arroz e ficam por trás da glândula tiróide. Estão ligadas ao processo metabólico do cálcio e fósforo que são necessários para adquirimos ossos fortes e saudáveis. Os asanas que estão particularmente ligados à regulação da função das glândulas tiróide e paratiróides são hasta utthanasana, parvatasana/adho mukha svanasana, bhujangasana e ashwa sanchalanasana.
l Glândula timo – está situada na parte superior do tórax e nas crianças esta glândula é maior do que nos adultos. Ao longo dos anos o timo encolhe progressivamente até chegar ao ponto de ser quase indetectável nas pessoas de idade. É responsável pela produção de anticorpos contra a invasão de bactérias, viroses, etc., e também contra certos tipos de cancro. Os linfócitos T formam-se quando as células mães ou precursoras migram da medula óssea para o timo onde se dividem e amadurecem. É no timo que os linfócitos T aprendem a distinguir o que é próprio do que é estranho ao corpo e é daqui que saem já maduros para entrar no sistema linfático, onde funcionam como parte do sistema imunitário de vigilância. A estimulação do timo em Surya Namaskar não é directa mas os movimentos estimulam o fluxo das secreções no sangue melhorando o sistema imunitário em geral.
l Glândulas supra-renais – estas glândulas, que têm uma forma triangular, ficam acima dos rins e são responsáveis pela produção de adrenalina e cortisol. Regulam o metabolismo do sódio, do potássio e da água; também regulam o metabolismo dos hidratos de carbono. Os movimentos de Surya Namaskar tendem a massajar os rins e as glândulas devido à pressão que é aplicada na região onde se situam, ajudando as supra-renais a funcionar correctamente, equilibrando as suas secreções.
l Pâncreas – esta é uma glândula digestiva localizada transversalmente sobre a parede posterior do abdómen, na alça formada pelo duodeno, sob o estômago. Produz a hormona insulina, que controla a capacidade do corpo para guardar e utilizar açúcares. O seu mau funcionamento resulta na incapacidade do corpo de se livrar dos açúcares ingeridos, causando diabetes. Em Surya Namaskar os órgãos abdominais são pressionados contra o pâncreas, principalmente na posição de bhujangasana.
l Glândulas reprodutoras – estas glândulas regulam a produção do esperma e dos óvulos, e o desenvolvimento de características sexuais secundárias, como o crescimento de pelo facial, as mudanças na voz, o ciclo de menstruação nas mulheres e o desenvolvimento dos seios. Surya Namaskar regula e tonifica o sistema reprodutor em ambos mulheres e homens: com bhujangasana, padahastasana/utthan-asana e ashwa sanchalanasana a serem úteis para fortalecer os músculos do útero e vagina nas mulheres; no homem a função sexual é melhorada através do alongamento conseguido em ashwa sanchalanasana.
Sistema Respiratório
Quando praticamos Surya Namaskar estimulamos um processo de respiração rítmica e profunda, sincronizada com cada movimento, que esvazia os pulmões libertando o ar impuro e em seguida enchendo-os com ar fresco. Ao inspirar na postura hasta utthanasana, expandimos as paredes do peito ao máximo, enquanto em padahastasana/utthanasana conseguimos uma expiração potente e purificante. O conteúdo de oxigénio no sangue é aumentado, o que melhora a oxigenação das células e tecidos do corpo e cérebro fazendo com que nos sintamos revitalizados. A prática de Surya Namaskar é reconhecida como sendo uma óptima ajuda na prevenção das doenças respiratórias.
Sistema cardiovascular
Surya Namaskar é considerada extremamente benéfica para o sistema cardiovascular. Melhora a acção do coração, fortalecendo a sua musculatura sem esforçá-la; aumenta o fluxo sanguíneo que por seu turno aumenta a eliminação de matéria tóxica; também elimina o sangue estagnado no baço e outros órgãos. A acção dos movimentos que contraem e descontraem os músculos alternadamente, ajuda na eliminação de impurezas em troca de oxigénio e nutrientes para as células. Em padahastasana/utthanasana e parvatasana/adho mukha svanasana o sangue é desviado das extremidades baixas para o tronco e cabeça através do alongamento e da contracção dos músculos das pernas e da força da gravidade na posição invertida. Na expiração os músculos do abdómen são movidos na direcção da coluna, empurrando o diafragma para dentro da cavidade torácica e os batimentos do coração são abrandados.
Sistema Digestivo
Os movimentos de Surya Namaskar têm o efeito de tonificar todo o sistema digestivo através os movimentos alternados que comprimem e alongam os músculos do abdómen. Padahastasana/utthanasana e bhujangasana são os dois asanas mais potentes para massajar os órgãos da cavidade abdominal, aumentando o poder digestivo, melhorando o apetite e assimilação dos alimentos e, por fim, a eliminação.
Sistema Urinário
Os rins têm uma função vital no organismo: a regulação de água e sais. Também filtram impurezas do sangue que depois são eliminadas na urina através da bexiga. Os movimentos de Surya Namaskar pressionam e massajam suavemente os rins através dos movimentos da coluna e a musculatura das costas, aumentando a sua acção e o fluxo de sangue.
Sistema Nervoso
O sistema nervoso periférico está dividido em duas partes, a voluntária (sistema nervoso somático) e a involuntária (sistema nervoso autónomo). A primeira governa as funções do corpo que ficam sob controlo consciente como movimentar os músculos maiores; a segunda governa as funções involuntárias como o batimento cardíaco, respirações, secreções glandulares e as funções dos órgãos internos. No sistema autónomo existe ainda dois subsistemas opostos, o simpático e parassimpático, cuja interacção equilibrada é necessária para uma boa saúde. Surya Namaskar movimenta a coluna, alongando os nervos, activando e estimulando todo o sistema nervoso.
Coluna vertebral
A coluna vertebral é constituída por trinta e três vértebras que formam uma suave curva ‘S’. São separadas por um disco esponjoso que age como um amortecedor entre cada vértebra. Todos os nervos que vêm do cérebro passam pela coluna antes de seguir para os seus respectivos órgãos. Toda a estrutura está apoiada por ligamentos, tendões e músculos. A manipulação de toda a coluna oferecida pelos movimentos de Surya Namaskar mantém-na livre de obstruções o que é necessário para a transmissão dos impulsos nervosos do cérebro pelo resto do corpo.
Músculos
Temos mais de 630 músculos em todo o corpo que têm uma grande variedade de tamanho e formato. Cada músculo é constituído por fibras que se contraem deslizando umas ao lado das outras, tal como quando abrimos e fechamos uma porta de correr. Em Surya Namaskar conseguimos trabalhar os músculos sem os desenvolver demasiado. A estrutura músculo-esquelética é realinhada, alongada, e tonificada, melhorando a postura, equilibrando a coluna que, por seu turno, melhora o funcionamento dos órgãos do corpo.
Do Corpo Físico Para o Energético
No Yoga, cada pessoa é dada como tendo cinco corpos ou invólucros chamados koshas:
Annamaya Kosha – o corpo/invólucro físico
Pranamaya Kosha – o corpo/invólucro de energia
Manomaya Kosha – o corpo/invólucro mental
Vijnanamaya Kosha – o corpo/invólucro de sabedoria
Anandamaya Kosha – o corpo/invólucro causal, ou de enstase (esta palavra é umneologismo concebido por Mircea Eliade em referência aoestado de samadhi)
No seu livro “Pranayama: The Yoga of Breathing” André van Lysbeth escreve sobre o primeiro kosha: “(…)o corpo molecular, Annamaya Kosha, é o kosha onde todos os outros se juntam. (…) O objectivo do yoga é fazê-lo tão perfeito quanto possível e espiritualizá-lo (…).” Também explica que Pranamaya Kosha (prana quer dizer energia) é o corpo onde reside a nossa energia vital, a força por trás da operação do corpo físico e que esses dois primeiros koshas são dissolvidos na morte. Por fim, escreve:
“A verdadeira força motriz por trás dos movimentos de Annamaya Kosha (o invólucro formado pelos alimentos) e Pranamaya (o invólucro de energia) é mente (Manomaya e Vijnanamaya Koshas). Os pontos onde as forças físicas agem sobre os invólucros inferiores e entram em contacto com eles são os ‘chakras’.”
Manomaya Kosha é dado como sendo a mente em geral e comanda os movimentos do corpo. Vijnanamaya Kosha é dado como sendo o ‘Assento do Ego’ e age como um contrabalanço no Manomaya Kosha quanto aos seus impulsos inconscientes. Também inibe ou controla os nossos instintos.
Anandamaya Kosha tem como o seu centro Jivatman, ou alma, e a sua natureza é a da felicidade pura ou enstase.
Chakras
Para ajudar a evolução da nossa prática de Surya Namaskar, é sugerido que nos empenhemos em localizar e desenvolver a nossa concentração nos chakras. No início, isto tem o efeito de abrandar a velocidade com que praticamos mas com o tempo a nossa proficiência melhora, e com ela a consciência dos chakras melhora também.
A seguir podemos ver o asana e o respectivo chakra sugerido para o qual devemos dirigir a nossa atenção e visualização:
Asana | Chakra |
1. Pranamasana | Anahata |
2. Hasta utthansana | Vishuddhi |
3. Padahastasana/utthanasana | Swadhisthana |
4. Ashwa sanchalanasana | Ajna |
5. Parvatasana/adho mukha svanasana | Vishuddhi |
6. Ashtanga namaskara | Manipura |
7. Bhujangasana | Swadhisthana |
8. Parvatasana/adho mukha svanasana | Vishuddhi |
9. Ashwa sanchalanasana | Ajna |
10. Padahastasana/utthanasana | Swadhisthana |
11. Hasta utthanasana | Vishuddi |
12. Pranamasana | Anahata |
A compressão, estimulação e o reequilibrar do corpo físico – em especial do sistema endócrino e do sistema nervoso – são dados como tendo um efeito directo nos chakras envolvidos, contudo, a activação principal é conseguida através do desenvolvimento da interiorização, concentração e visualização.
Nadis
A coluna vertebral é dada como sendo o canal de energia onde ficam os nadis, ida (no lado esquerdo) e pingala (no lado direito); ida conduz a energia lunar que tem um efeito tranquilizante, refrescante e reconstituinte sobre o nosso organismo e o espírito; o pingala conduz a energia solar que dá vigor, aquece e purifica.
Swami Satyananda escreve:
“Uma vez que temos consciência das nossas limitações físicas, e começamos a ultrapassá-las, podemos avançar para a consciência pránica e trabalhar os vários obstáculos e bloqueios deste nível. Eventualmente aprendemos a controlar o nosso prana, para o manipular e ajustar como desejamos. Assim, ficamos prontos para o próximo estado que é a extensão de prana para dentro dos níveis subtis da mente e do psíquico.”
Também dentro do canal energético temos o nadi central, sushumna, que é dado como contendo os pontos físicos dos chakras, os centros psíquicos que governam o desenvolvimento da Consciência. Assim, a manipulação da coluna vertebral em Surya Namaskar, proporciona–nos não só a sua estabilidade física como também a purificação do sushumna que acentua o fluxo natural de prana, removendo os bloqueios e limpando os canais prânicos, que o canalizam em vez de o dissiparem desnecessariamente. Tudo isso faz com que as energias ascendam da nossa natureza básica até ao despertar das nossas faculdades superiores.
O Equilíbrio Emocional e Mental
As técnicas de Yoga são concebidas para trabalhar e melhorar não só as capacidades físicas mas também as emocionais e mentais, levando-nos ao ponto onde conseguimos eliminar os pensamentos e sentimentos negativos que podem afectar o nosso equilíbrio emocional e mental. O desequilíbrio destes é considerado um impedimento para conseguir a libertação ou moksha.
Swami Satyananda no seu livro escreve que Surya Namaskar “(…)ajuda a induzir um estado de mente positivo e vitalizado. Cada asana transmite uma imagem às profundezas arquetípicas da nossa mente.” Por exemplo, pranamasana, que é o primeiro e último asana na sequência, é considerado um asana de compostura e estabilidade que aumenta a autoconfiança. A interiorização deste asana começa com os pés que são o nosso contacto com a terra, e ao chegar ao hara (o centro de gravidade do corpo), procuramos sentir o efeito de gravidade no corpo que, por seu turno, nos oferece a sensação de estabilidade. Swami Satyananda também diz que simbolicamente pranamasana “(…)marca o princípio e o fim da transição do caminho do sol ao amanhecer até ao crepúsculo do dia” e que “representa a paz, tranquilidade e beleza do nascer e pôr-do-sol.”
Sobre os asanas padahastasana/utthanasana e parvatasana/adho mukha svanasana Swami Satyananda diz que:
“(…)parecem representar a introversão, contudo, são antes de mais simbólicos da introspecção necessária para desempenhar os nossos deveres diários do que o profundo sentido de retracção do pratyahara. Proporcionam o equilíbrio da extroversão tão característica da vida diária.”
O efeito de introspecção é mais acentuado em padahastasana/utthanasana do que em parvatasana/adho mukha svanasana devido ao fechar do tronco na direcção das pernas.
A utilização de imagens e a sua contemplação durante a prática de Surya Namaskar diferenciam-no duma simples prática física que leva a consciência mental para um estado positivo em vez de negativo.
Por fim, Swami Satyananda escreve:
“Portanto, usamos surya namaskara como uma matriz para virar e transformar a mente, especialmente quando mantemos as imagens dentro da mente enquantopraticamos. Concomitantemente, a vitalidade e a saúde física são aumentadas.”
Mantras
Os mantras foram formulados pelos rishis para induzir profundos estados de meditação. São formulados a partir das letras do alfabeto Sânscrito, num total de cinquenta e dois sons, chamados Devangari, em que cada letra tem o seu próprio efeito vibratório na consciência. Georg Feuerstein escreve:
“O mantra é uma expressão vocal sagrada, um som numinoso ou um som dotado de poder psicoespiritual. É um som que dá poder à mente, ou que recebe o seu poder da mente. É um veículo meditativo de transformação do corpo e da mente humana, e supõe-se que tenha um poder mágico.”
Os mantras para invocar o deus do sol, Surya, fazem parte também dos rituais matinais dos Hindus e são entoados ao amanhecer, ao meio-dia e ao pôr-do-sol. Ao todo são doze mantras no Surya Namaskar, cada um invocando um dos nomes do deus solar, que correspondem ao seu estado em cada um das fases dos diferentes signos astrológicos (conhecidos como rashis na astrologia Hindu). Tal como a concentração nos chakras é recomendada para a interiorização de prática de Surya Namaskar, os mantras podem ser utilizados para o mesmo efeito. Podem ser repetidos mentalmente ou entoados em voz alta de modo a que cada mantra acompanhe o seu respectivo asana. Swami Satyananda diz que com a “(…)repetição e concentração nestes mantras, toda a estrutura mental será beneficiada e inspirada.”
Bija Mantras
Existem seis bija (semente) mantras ao todo e, embora não tenham um sentido especial, são considerados essenciais para causar vibrações energéticas potentes dentro da mente e do corpo.
Voltando ao livro de Swami Satyananda, este explica que:
“Tanto os bija mantras ou os mantras de sol podem ser recitados em voz alta ou mentalmente consoante a vontade do praticante e a velocidade da prática. Se a velocidade for muita lenta então os mantras de sol podem ser combinados com a consciencialização dos chakras. Se a velocidade for um pouco mais acelerada então os bija mantras podem ser utilizados do mesmo modo. Se os movimentos físicos são feitos rapidamente, então ou os mantras são recitados sozinhos sem a rotação dos chakras, ou a consciência pode rodar pelos chakras sem mantra.”
A tabela em baixo lista os asanas e os mantras correspondentes:
Asana |
Mantra |
Bija Mantra |
|
Pranamasana |
Om mitraya namaha |
Om hram |
|
Hasta utthanasana |
Om ravaye namaha |
Om hrim |
|
Padahastasana/utthanasana |
Om suraya namaha |
Om hroom |
|
Ashwa sanchalasana |
Om bhanave namaha |
Om hraim |
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Parvatasana/adho mukha svanasana |
Om khagaya namaha |
Om hraum |
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Ashtanga namaskara |
Om pushne namaha |
Om hraha |
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Bhujangasana |
Om hiranyagarbhaya namaha |
Om hram |
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Parvatasana/adho mukha svanasana |
Om marichaye namaha |
Om hrim |
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Ashwa sanchalanasana |
Om adityaya namaha |
Om hroom |
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Padahastasana/utthanasana |
Om savitgre namaha |
Om hraim |
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Hasta utthanasana |
Om arkaya namaha |
Om hraum |
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Pranamasana |
Om bhaskaraya namaha |
Om hraha |
|
Nota: O mais conhecido mantra do Rig-Veda, Gâyatrî-mantra (R.V.3.62.10), é direccionado à divindade Savitri que é “[…]a personificação do aspecto vivificante e animador da divindade solar védica, Surya, que representa a luminosa Realidade Suprema e o princípio da iluminação espiritual” e ainda hoje é recitado durante os rituais matinais:
”Om tat savitur varenyam bhargo devasya dhîmahi dhiyo yo nah pracodayât”, ou Om, contemplemos aquele esplendor celestial do deus Savitri, para que Ele inspire as nossas visões”
Os povos primitivos desde cedo perceberam a importância do sol para a sua sobrevivência e como tal o veneraram como uma força física da vida. Com o tempo, esta forma de ver o sol foi evoluindo, e o sol também passou a ser venerado como o iluminador do caminho espiritual.
Contudo, não conseguei encontrar documento ou texto afirmando a existência da prática da sequência de Surya Namaskar tal como a conhecemos agora como forma de adorar o sol nos tempos antigos. Mas quando as palavras são traduzidas – como já vimos a palavra Surya traduz-se como sendo “sol” e a palavra Namaskar tem a sua raiz em “namas” que quer dizer “curvar-se” ou “adoração”– talvez os primeiros movimentos não eram nada mais do que uma simples vénia de saudação com as palmas das mãos unidas em Anjali Mudra, à primeira luz do dia e que ao longo dos tempos se foi desenvolvendo até à prática que conhecemos hoje. Devemos lembrar que o yoga é uma prática viva e orgânica, sujeito às mudanças do tempo mas que nunca perde a sua essência.
Certamente, os tradicionalistas mantêm que a sequência teve origem nos tempos Védicos como um rito de fisicamente se prostrar ao nascer do sol (para mostrar a rendição completa à divindade), recitando mantras e colocando oferendas de flores, arroz e água nos lugares sagrados.
Através dos mestres como Swami Sivananda e Swami Satyananda, Surya Namaskar tornou-se importante na prática de hatha yoga e a sequência é a primeira parte da Série Rishikesh.
Definitivamente, é difícil não se sentir encorajado para tornar Surya Namaskar uma prática diária, quando lemos as palavras do Rajá de Aundh e Swami Satyananda, entre outros, quanto aos seus benefícios. O Rajá tinha tanta confiança neles que incentivou toda a sua família e todo o povo do seu reinado a praticá-lo. Também no seu livro agradeceu à pessoa que o ensinou.
Mas é importante lembrar que Surya Namaskar, tal como todos os outros asanas, não devia ser praticado só para os seus benefícios físicos, embora este seja um factor importante – para uma mente sã, temos que ter um corpo são especialmente se quisermos ficar sentados confortavelmente para meditar. Eis as palavras de Sri Pattabhi Jois, um dos mais conhecidos mestres do nosso tempo, retiradas do seu livro “Surya Namaskara”:
“(…) deixam-me repetir, que nenhuma prática de asana está completa sem a adoração ao sol. Sem o seu foco de energias mentais, a prática de yoga significa um pouco mais do que ginástica e, como tal, perde o sentido e os seus frutos. Na verdade Surya Namaskara nunca devia ser confundido com mero exercício físico – por algo incidental, ou seja, que simplesmente antecede os asanas de yoga.”
Com uma prática frequente e diligente de Surya Namaskar, veremos como esta se desenvolverá naturalmente e que será possível entregarmo-nos a todo o processo com facilidade. Veremos que quando nos entregarmos, sem esforço e sem o ego, Surya Namaskar tornar-se-á numa prática completa de asana e pranayama que nos levará ao apaziguamento da mente que, por seu turno, a transformará numa prática de meditação em movimento.
Susan Lopes
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