Yoga e como chegou ao ocidente

O Yoga é uma antiga filosofia de vida que remonta aos primórdios da Humanidade. Antigamente, a tradição e os ensinamentos eram passados ao estudante ou discípulo verbalmente, pelos mestres, e somente muito mais tarde passaram a ser por forma escrita.

O yoga como conhecemos hoje, demorou vários séculos para chegar ao ocidente e está a ganhar cada vez mais adeptos. Porque é que demorou tanto tempo? Poderíamos pensar que os vários grupos de colonos que chegaram à Índia, oriundos de países como Portugal, Dinamarca, Holanda, França e Grã-Bretanha teriam levado a prática de volta para as suas terras. Mas não aconteceu e, talvez, uma das razões poderia dever-se ao facto, que, infelizmente, as práticas dos povos da Índia não eram vistas com bons olhos, fazendo com que os praticantes as abandonassem ou passassem a pratica-las clandestinamente. Até muitos missionários que chegaram à Índia vieram com a intenção de converter os “pagãos” ao Cristianismo, onde a tradição de yoga não fazia parte.

Os primeiros passos para uma melhor compreensão das tradições dos povos da Índia surgiram devido ao interesse no hinduísmo e nos textos sagrados. Entre 1630 e 1640, o pregador, Abraham Roger (Rogerius), começou a interessar-se e a indagar sobre o Hinduísmo enquanto vivia em Pulicat, Tamilnadu. O seu livro sobre as crenças e as práticas do Hinduísmo do Sul da Índia, chamado “De open deure tot het vergorgen Hydendom” (Leyden, 1651), foi um passo para abrir a porta na Europa para uma melhor compreensão da fé Bramânica.

O interesse pelo Sânscrito aumentou, o que produziu vários eruditos, notavelmente Sir William Jones (1746-1794), considerado o pioneiro em aprendizagem do Sânscrito. Para compreender melhor os textos sagrados fundou a Asian Society. Foi nomeado juiz do “Supreme Court of Judicature” em Calcutá em 1783, e traduziu uma quantidade considerável dos Vedas (Rig Veda, Yajur Veda, Sama Veda, Atharva Veda), as fábulas de Hitopedesa, a Gitagovinda, e também editou o texto do poema Ritusamhara de Kalidigsa.

Max Müller (1823-1900), um alemão orientalista e considerado o fundador dos Estudos Indianos, também se dedicou aos estudos da língua Sânscrito. Traduziu os Vedas que considerou serem a “chave de todas as religiões” porque antecederam os de Pérsia, Grécia, Roma, China, e também o Velho Testamento. Procurou compreender a Rig Veda, que considerou a mais importante das quatro Vedas. O Rig-Veda é composto por dez mandalas e tem 1028 hinos ou suktas, com perto de 10800 versos ou rks (a origem da palavra Rig), glorificando as várias divindades.

Sir John Woodroffe (1865-1936) foi nomeado advogado do Tribunal de Calcutá em 1889 e depois como Conselheiro do Governo da Índia em 1902. Mais tarde, em 1915, desempenhou o cargo de Presidente do Supremo Tribunal. Finalmente reformou-se regressando a Inglaterra em 1923 mas não antes de escrever vários livros sobre as tradições de Tantra (a sua famosa tradução de Mahanirvana-Tantra foi publicada em 1913), sob o pseudónimo de Arthur Avalon. Isto foi numa época em que era considerado odioso que alguém estudasse esta tradição. De acordo com John Mumford, Woodroffe interessou-se por Tantra quando um dia, no tribunal, teve grande dificuldade em concentrar-se num caso perante ele. Um dos seus servos informou-o, que um sadhu tantrico tinha sido contratado pelo réu, para se sentar fora do tribunal e entoar cânticos mantras para turvar os seus pensamentos. Lá fora Woodroffe encontrou um sadhu coberto de cinzas entoando uma ladainha em Sânscrito. Assim que a polícia Indiana afastou o sadhu, Woodroffe instantaneamente sentiu a sua mente aclarar, o que fez com que desejasse saber mais acerca das práticas Tantricas. A sua esmerada e minuciosa investigação de literatura Tantrica, juntamente com a publicação de cerca de vinte textos Tantricos, é ainda hoje inigualável por qualquer outro erudito, oriental ou ocidental.

Chegamos ao dia 11 de Setembro de 1893, quando Swami Vivekenanda (1863-1902), com vestes cor de ocre se ergueu na conferência do “World’s Parliament of Religions” em Chicago e começou o seu discurso com as palavras “Irmãs e Irmãos dos Estados Unidos…..”. Consoante as reportagens do evento, durante alguns minutos Vivekananda não pode continuar devido aos muitos aplausos das sete mil pessoas presentes. Através dos seus discursos nos dias seguintes, Vivekananda recebeu convites para discursar que o levaram a sítios tão distantes desde o Canadá a Memphis no Sul.

Swami Vivekananda teve uma vida curta mas repleta de trabalho e proezas. Um génio espiritual com um intelecto que inspirava respeito, o jovem Vivekananda abraçou as filosofias agnósticas da mente ocidental juntamente com a veneração pela Ciência. Ao mesmo tempo, diz-se que tinha um forte desejo de conhecer a verdade sobre Deus, que o levou até Sri Ramakrishna, que veio a ser seu mestre e que “apagou as suas dúvidas conferindo-lhe a visão de Deus”. Vivekananda foi transformado em sábio e profeta com a autoridade de ensinar.

Viu no povo Americano uma oportunidade para o despertar para uma nova geração de Homem, um Homem de todas as eras, para todas as fés e todas as nações, dizendo “A civilização Americana é, na minha opinião, grandiosa. Encontro nos Americanos, uma mente especialmente susceptível a ideias novas: nada é rejeitado porque é novo. É valorizado pelo seu próprio mérito.”
Depois de uma estadia prolongada em Nova Iorque, Vivekenanda fundou a primeira Vedanta Society em 1894. Eventualmente, viajou até à Europa, Paris e Londres, antes de voltar de novo aos Estados Unidos. Depois de uma última estadia em Londres durante sete meses, voltou ao seu país amado, a Índia. Contudo, precisamente passados dois anos e meio, em 1899, viajou de novo para a Estados Unidos, eventualmente levando a sua mensagem a Los Angeles e São Francisco (a ultima cidade viu a abertura da segunda Vedanta Society em 1900). Vivekananda voltou à India no mesmo ano, vivendo em semi-aposentação em Belur Math, onde viria a felecer aos 39 anos, no dia 4 de Julho, uma data apropriadamente escolhida por ele próprio. Hoje em dia, há sociedades de Vedanta em todo o mundo, em países como Argentina, Brasil, Japão, Singapura, Malasia, Russia, como também na Europa, Estados Unidos e Canadá.

Swami Rama Tirtha (1873-1906), um dos grandes santo-filósofos da Índia, tinha um desejo ardente de espalhar os ensinamentos de Vedanta. Primeiro, em 1902, visitou o Japão durante uma estadia breve de quinze dias (juntamente com o seu discípulo, Swami Narayana) e depois seguiu para São Francsico, passando dezoito meses como hóspede do Dr Albert Hiller. As suas viagens pelos Estados Unidos levaram-no a Denver, onde deixou a plateia espantada quando disse: “Cada dia é Dia de Ano Novo, e cada noite é Véspera de Natal”, que quase logo em seguida foi aplaudido longamente. Ganhou um grande número de seguidores e criou muitas sociedades, uma das quais era a Hermetic Brotherhood, dedicada aos estudos de Vedanta. Na sua viagem de volta à Índia, havia uma breve escala no Egipto, onde as pessoas ficaram tão impressionadas com ele, que o convidaram a dirigir a palavra na famosa mesquita do Cairo. Tanto as pessoas como a Imprensa que o ouviram falar, disseram que o Swami era um grande génio Hindu e terem-no conhecido foi um enorme privilégio. Faleceu os 33 anos de idade.

Hari Prsad Shastri (1882-1956) nasceu no seio de uma família Brâmane nas Províncias Unidas da Índia, recebendo uma educação tradicional e distinguiu-se como um erudito de Sânscrito e Pundit. Mais tarde, formou-se em literatura, historia e filosofia Inglesa, estudou a literatura Persa, Chinesa e Japonesa. Em 1916 Dr. Shastri foi ao Japão onde leccionou na Universidade Imperial e na Universidade Waseda em Tokyo. Também instaurou um centro de Adhyatma Yoga com o nome de Ichi-no-do (a Cave da Não-dualidade). Em 1918 foi convidado a ir à China depois de um encontro ao acaso com Dr. Sun Yat Sen, o fundador e primeiro Presidente da Republica da China. Ficou na China durante onze anos, tornando-se deão do Departamento da Universidade de Hardoon em Shanghai sendo também nomeado Professor de Filosofia de Nankwang College. O Dr. Sun Yat Sem tornou-se um amigo pessoal e estudante até à sua morte prematura em 1925. Em 1929 Dr Shastri viajou até à Grã Bretanha, onde morou durante os 27 anos seguintes até a sua morte em 1956. Em Londres fundou o Shanti Sadan (Templo de Paz Interior), o centro de Adhyatma Yoga e Advaita Vedanta, e deu centenas de conferencias, não só em Londres mas em outros lugares, como também publicou trabalhos originais e traduções, nomeadamente o Ramayana de Valmiki, agora a tradução clássica do épico Sânscrito.

O homem que veio a ser conhecido como o pai da renascença de Hatha Yoga nos tempos modernos, Sri Tirumalai Krishnamacharya (1888-1989) nasceu no seio de uma família que podia traçar as suas raízes até ao famoso sábio do nono século, Nathamuni. Estudou Sânscrito e yoga com o seu pai antes de frequentar o Royal College de Mysore onde estudou os textos e rituais Védicos. Os seus estudos posteriores levaram-no à Universidade em Banaras, de volta ao Mysore (para estudar a filosofia de Vedanta) e, de novo, ao norte para estudar o Samkhya, o sistema filosófico mais antigo da Índia. Em 1916, encontrou o seu professor, Sri Ramamohan Brahmachari, e passou mais de sete anos vivendo com ele e a sua família perto de Lago Manasarovar em Tibet, aprendendo tudo que conseguia. Finalmente voltou ao sul para estudar Ayurveda, que mais tarde usou juntamente com o yoga como elementos de cura. Durante este tempo também estudou a filosofia de Nyaya, uma escola Védica de lógica. Em 1924 voltou a Mysore onde o marajá, Krishnarajendra Wodoyar IV, o seu estudante mais entusiasta, deu-lhe a oportunidade de abrir uma escola de yoga onde Krishnamacharya ensinou até 1955. Embora Krishanamacharya nunca deixasse a sua terra, a sua reputação cresceu e finalmente ultrapassou as fronteiras da Índia. Em 1937 os primeiros estudantes ocidentais chegaram para estudar com ele, entre os quais Indra Devi, que veio a ser conhecida como “a primeira mulher de yoga” e “a mulher que trouxe yoga ao Kremlin”. Nesse tempo, BKS Iyengar e Pattabhi Jois, que viriam a ser professores reconhecidos pelo seu mérito, começaram os estudos com Krishnamacharya. Em 1955, Krishnamacharya, e a sua família, mudaram-se para Madras, onde passou o resto da sua vida.

O já falecido Gerard Blitz (28 de Fevereiro 1912 – 3 de Março 1990), fundador da European Union of Yoga, foi um dos primeiros estudantes do mundo ocidental que procurou Krishnamacharya, trazendo os ensinamentos para Europa. Jean Klein também foi seu estudante e veio a ser conhecido como um dos maiores professores de Advaita Vedanta no século XX e até do hemisfério ocidental.

Em 1961, o filho de Krishnamacharya, TKV Desikachar (n.1938), deixou os seus estudos de engenharia para estudar extensivamente com o seu pai e, eventualmente, continuar o seu trabalho depois da sua morte aos 101 anos. Como uma oferta de gratidão ao seu professor, Desikachar fundou o Krishanmacharya Yoga Mandarim em 1976. É uma instituição pública não-lucrativa e considerada um dos mais respeitados centros a nívelmundial, onde pessoas de todo o mundo vêm para aprender e practicar todos os aspectos de yoga. Desikachar escreveu muitos livros, incluindo “The Heart of Yoga”. Os ensinamentos de Krishnamacharya não estão só a serem divulgados pelo seu filho, mas também pela nora, Menaka, e os seus netos, Kausthub e Mekhala, que passam muito do seu tempo a viajar pelo mundo divulgando a mensagem e os benefícios do yoga.

Aos 15 anos de idade, BKS Iyengar, (14 de Dezembro 1918 –20 de Agosto 2014) foi convidado a ficar em Mysore pelo Sri T Krishnamacharya, o marido da sua irmã mais velha e para eventualmente estudar yoga com ele. Em 1937, por sugestão do seu professor, Iyengar mudou-se para Pune para ensinar yoga, onde passou muitas dificuldades, monetariamente e fisicamente, até que veio a ser um yogui de grandes dotes por seu próprio mérito. Através da determinação e uma recusa em desistir, gradualmente começou a compreender as técnicas de cada postura e os seus efeitos. Enquanto a sua reputação cresceu, também cresceu o número de estudantes. Um dia, em 1952, recebeu a visita do famoso violinista, Yehudi Menuhin. Menuhin ficou tão impressionado com a abordagem de Iyengar ao yoga, que se tornou seu estudante durante toda a sua vida e também o seu grande amigo. Contribuiu em muito em ajudar Iyengar ensinar na Suiça, Paris, Londres e outros sítios, onde o yoga começava a ganhar a atenção de pessoas de diferentes posições sociais. Em 1966, Iyengar publicou o seu primeiro livro “Light on Yoga” que tinha demorado vários anos a ser desenvolvido, e que eventualmente, veio a ser internacionalmente conhecido depois de traduzido em várias línguas. Este livro foi seguido por outros, nomeadamente, “Light on Pranayama” e “Light on the Yoga Sutras of Patanjali”. Em 1975, Iyengar abriu o Ramamani Memorial Yoga Institute em memoria da sua mulher, recentemente falecida. O seu filho, Prashant, é considerado uma grande autoridade sobre o yoga e é agora diretor do Ramamani Iyengar Memorial Yoga Institute. A sua filha, Geeta, também professora de yoga e creditada com o avanço do yoga para a saúde das mulheres.

Outro estudante de Sri T Krishnamacharya, Pattabhi Jois (26 de Julho 1915 – 18 de Maio 2009), também veio a ser um professor reconhecido mundialmente, ensinando um estilo de yoga chamado Ashtanga Yoga. Pattabhi Jois ficou a saber que Ashtanga Yoga era um sistema de Yoga guardado pelo sábio Vamana Rishi no Yoga Korunta. O texto foi transmitido ao Krishnamacharya no princípio do século passado pelo seu guru, Ramamohan Brahmachari. É um antigo manuscrito que supostamente contém listas dos muitos grupos diferentes de asanas, como também os originais ensinamentos sobre vinyasa, drishti, bandhas, mudras e filosofia. Os ensinamentos foram passados ao Jois durante os seus estudos com Krishnamacharya, que começarem em 1927. A partir de 1948, ensinou Ashtanga Yoga no seu yoga shala, o Ashtanga Yoga Research Insitute em Mysore, consoante a sagrada tradição de Guru Parampara (discípulo sucessão). Em 1964, André Van Lysbeth veio a ser a primeira pessoa do ocidente a estudar com Jois. Por volta de 1972, chegaram os primeiros alunos dos EUA, depois de terem conhecido o filho mais velho de Jois, Manju, no ashram de Swami Gitananda em Pondicherri. Foi nesse tempo que Ashtanga Yoga começou a ser conhecido em Estados Unidos. Em 1975, Jois e Manju, fizeram a sua primeira viagem aos Estados Unidos. Os próximos 25 anos viram o crescimento de Ashtanga Yoga não só nos Estados Unidos mas também em França, Alemanha, Russia, Japão, Israel, Chile, Grã Bretanha, Itália, Espanha, Suiça, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, entre outros países, através dos ensinamentos de Jois, Manju e agora o neto de Jois, Sharath, que também é co-director de escola em Mysore.

Voltando ao principio do século passado, Paramahansa Yogananda (1893-1952), o autor de “Autobiografia de um Yogi” (publicado em 1946) e um discípulo de Swami Sri Yuketswar Giri, foi o primeiro mestre de Kriya Yoga a vir ao ocidente. Em 1920, chegou a Bóston como o delegado da Índia para assistir a um congresso internacional de chefes religiosos, usando uma cruz, o Bhagavad Gita numa mão e o Novo Testamento Cristão na outra. O seu discurso ao congresso, sobre a ciência de religião foi entusiasticamente recebido. No mesmo ano fundou o “Self Realization Fellowship” para disseminar mundialmente os seus ensinamentos sobre a ciência e filosofia de Yoga, incluindo a sua tradição de meditação. A sede principal foi construída em Mount Washington, a poucos quilómetros de Los Angeles e foi o lar de Paramahansa Yogananda durante os 30 anos seguintes até à sua morte em 1952.

Swami Sivananda (1887-1963) fundou “The Divine Life Society” nos bancos do Rio Ganges em 1936 depois de ter viajado por toda a Índiaa em peregrinação. Embora raramente deixasse Rishikesh depois dessa data, a sociedade cresceu, e hoje em dia é a sede principal duma organização mundial. Swami Sivananda escreveu uns 200 livros, e através da dedicação dos seus discípulos (nomeadamente Sri Swami Satichidananda e Swami Vishnu-devananda), os seus ensinamentos e obras foram levados pelo mundo fora. Outro discípulo, Sri Swami Chidananda (1916-2008), que foi elegido Presidente da “The Divine Life Society” depois de morte de Swami Sivananda, percorreu toda a Índia, Malásia e Africa do Sul para servir os devotos da sociedade. Em 1968 encarregou-se do Global Tour, visitando países de todo o mundo.

Swami Satchidananda (1914-2002) tinha sido sempre uma pessoa dada ao espiritualismo, mesmo em criança, sendo conhecido pelo nome Ramaswamy. Como adulto, começou os estudos espirituais com os grandes mestres como Sri Ramana Maharishi antes de finalmente conhecer o seu gurú, Swami Sivananda, em 1949. Recebeu Sannyasa Diksha (iniciação para ser monge) do seu mestre espiritual e foi-lhe dado o nome de Swami Satchidananda. Em breve, foi incentivado a servir em várias partes do país e no Sri Lanka, tendo também servido noutros países. Com a insistência dos muitos estudantes Americanos, mudou-se para os Estados Unidos onde fundou o Satchidananda Ashram-Yogaville em Virgínia e os Integral Yoga Institutes em todo o mundo.

Em 1957, Swami Vishnu-devananda (1927-1963) recebeu do seu guru, Swami Sivananda, uma nota de 10 rupias (menos que um dólar) e a sua bênção para viajar para o ocidente espalhar os ensinamentos de Vedanta; “As pessoas estão à espera” foram as palavras do seu mestre. Swami Vishnu-devananda fundou o “International Sivananda Yoga Vedanta Centres”, que agora somam 20 centros de yoga, 7 ashrams e, também muitos centros afiliados e professores por todo o mundo. Swami Vishnu-devananda foi também conhecido com o “Flying Swami” porque aprendeu a pilotar um avião que utilizou para as diferentes missões de paz que empreendeu por todo o mundo. Voava sobre as áreas destruídas pela guerra largando flores e panfletos sobre a paz enquanto entoava o mantra de paz, Om Namo Narayanaya.

Em Setembro de 1968, Yoga Bhajan (1929-2004), deixou a Índia para ensinar yoga na Universidade de Toronto no Canadá e dois meses depois voou até Los Angeles para passar o fim-de-semana. Lá encontrou muitas pessoas que procuravam um caminho espiritual, um desejo comum naquela época. Imediatamente reconheceu que a experiência de consciência alterada que tentavam encontrar com drogas, podia ser conseguido através da prática de Kundalini Yoga, enquanto estabilizavam os seus sistemas nervosos. Acabando com a tradição de segredo que existiu durante séculos à volta da ciência de Kundalini Yoga, Yogi Bhajan começou a ensina-la abertamente. Com as ciências de yoga (a pratica de asana, meditação, filosofia de yoga e aceitação com amor) deu uma efectiva alternativa à cultura da droga que prevalecia. Chamou-o “3HO” (em inglês: healthy, happy, holy; em Português: saudável, feliz, sagrado) caminho de vida. Em Julho de 1969 a fundação não-lucrativa “3HO Foundation” foi registada na Califórnia. Sob a orientação de Yogi Bhajan como Director de Educação, 3HO cresceu mundialmente, para 300 centros em 35 países, e em 1994 3HO tornou-se membro de Nações Unidas como uma organização não-governamental com estatuto Consultativo junto do Conselho Económico e Social. Com uma altura de 1.92m, a sua poderosa e dinâmica presença dominava qualquer reunião. Falava sem medo mas com humildade e diz-se que podia ser charmoso e intimidativo como ditava a ocasião. A sua aceitação de todos de coração aberto juntamente com uma insistência na excelência fez dele um professor formidável. No dia 6 de Outubro 2004 Yogi Bhajan faleceu, deixando a sua esposa, filhos e cinco netos. Há mais de 300 centros de 3HO em 39 paises em 6 continentes, incluindo EUA, Canadá, México, Rússia, Austrália, Africa de Sul e países na Europa, América do Sul e o Sudeste Asiático. Esses centros concentram-se nos ensinamentos de Kundalini Yoga e meditação como ensinado por Yogi Bhajan.

Bikram Choudhury (n.1946) começou a aprender yoga aos 4 anos com o culturista de renome, Bishnu Ghosh (o irmão mais novo de Paramahansa Yogananda). Aos 13 anos, ganhou o “National India Yoga Championship”. Durante os próximos 3 anos defendeu o titulo e retirou-se, sem ser disputado, como All-India National Yoga Champion. Mais tarde, num acidente enquanto levantava pesos, ficou aleijado e foi-lhe dito que nunca mais voltaria a andar. Com o apoio do seu guru, Bikram criou uma sequência de 26 asanas com a qual recuperou a sua saúde. Bikram fundou várias escolas na Índia, a pedido do seu professor. Devido ao seu sucesso, mais tarde viajou para o Japão onde abriu mais duas escolas. Depois viajou para os Estados Unidos e fixou-se em Los Angeles onde formou o “Yoga College of India” em 1974. A sequencia que Bikram desenvolveu está protegida por patente sob o nome de “Bikram Yoga” e está a ser ensinada em salas aquecidas em mais de 400 centros de treino franchisados em todo o mundo. Também trouxe o conceito de yoga de competição ao ocidente através do World Yoga Exposition no Los Angeles Convention Center em 2002. Cinquenta e quatro participantes dos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia, competiram no primeiro “Bishnu Charan Ghosh International Yoga Asana Championships”, uma competição com o nome de guru de Bikram Choudhury, organizado por Bikram e a sua mulher, Rajashree, ambos antigos campeões na Índia. A sua esperança é que qualquer dia, as posturas de yoga façam parte dos Jogos Olímpicos.

Hoje em dia, o yoga está no seu auge de popularidade sendo praticado em todo o mundo. A Internet está repleta de sites sobre as várias escolas de yoga e a sua filosofia; sobre professores e onde é possível ter aulas; vários sites onde é possível comprarem livros, CDs, DVDs e vídeos; pode comprar malas, incenso, estátuas de Siva, Ganesha, Buda ou símbolos de Om. Noutros pode-se comprar tapetes, sacos para os tapetes, cintos, blocos e tudo para ajudar na prática de yoga, sem esquecer das roupas confortáveis. O yoga está a ser praticado em ashramas, estúdios de yoga, ginásios e em casa.

O que está escrito em cima sobre as pessoas que têm contribuído para a divulgação e propagação de yoga ao longo dos últimos séculos, deve estar longe de ser completo. Na atualidade, existem professores e comunicadores de yoga, oriundos de todo o mundo, que são extremamente proficientes e com o desejo enorme de partilhar esta maravilhosa, completa filosofia e modo de vida. Bem hajam.

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