A palavra dharma, sendo uma palavra que pertence a várias religiões orientais e como cada uma usa a palavra com conceitos diferentes, torna-se difícil encontrar uma tradução clara. No Sânscrito, é derivada da raiz dhr que quer dizer levantar, carregar, apoiar, sustentar. Contudo, no diccionário Sanscrito/Inglês de Monier-Williams vemos dharma definido como “aquilo que está estabelecido or firme; estatuto, lei, decreto; virtude, moralidade, religião, mérito religioso, boa acção; consoante o direito ou regra; consoante a lei natural” e por fim “mantendo a lei; fazer o seu dever”.
A filosofia hindu descreve dharma como sendo a lei natural e universal; dharma representa a ordem com leis para governar toda a Criação, leis para nos unir em harmonia com aquela ordem. Também considera o dharma como sendo a fundação absoluta da vida. O texto de Atharva Veda descreve-o simplesmente: prithivim dharmana dhritam “este mundo é sustentada pelo dharma”. Pode-se dizer que dharma é a lei ética combinada com uma disciplina espiritual que nos conduz na vida. Para quem a observa, terá uma vida repleta de felicidade, sem sofrimento, ao oposto de quem não a observa; para esta pessoa está destinada uma vida cheia de sofrimento e infelicidade.
O conceito de svadharma é traduzido como “o seu próprio dever”; devemos ter consciência que formamos uma parte do universo ordenado e que temos o dever ético de aceitar o nosso lugar na vida. No sexto livro da epopeia Mahâbhârata encontramos o Bhagavad Gita que conta uma história de uma grande batalha entre duas famílias rivais, onde o príncipe Arjuna tem que lutar contra os seus primos. Quando chega a altura do conflito, parece que quer disistir dizendo que os guerreiros são os seus parentes, e não sabe qual seria pior: conquistar ou ser conquistado. Krishna, o divino Senhor em forma humana, vem ajudar o seu aluno Arjuna, e começa um longo diálogo entre os dois onde Krisna quer mostrar a Arjuna, que terá que ir para a batalha porque tal é o destino dum guerreiro; o seu dever é lutar, sem ligar às consequências das suas acções.
Para os hindus, aceitando dharma, e o correcto empenho nele – e este é um ponto muito importante – tem um efeito favorável no seu destino futuro; o de dar a possiblidade de reincarnar numa casta ou existência mais elevada, chegando assim mais perto do objectivo final da libertação do ciclo de reencarnação.
Nas Vedas e Upanishads, dharma é descrito como sendo o caminho de virtude, de viver a vida consoante as códigos de comportamento e refere-se às éticas religiosas apresentadas pelos Brâmanes baseadas nestes textos. Também a Lei Manu ou Manava Dharma Shastra é considerado um dos livros básicos para apresentar as normas da vida doméstica, social e religiosa na Índia.
Também na Bíblia podemos encontrar o que poderá ser uma alusão a este conceito de dharma no capítulo Romanos 12, nos versos 6-8:
“6 De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7 se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;
8 o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria.”
O autor do Ramcharitmanas, Tuslidas, definou dharma como sendo compaixão e Buddha tornou esta definição como tema principal no seu livro de grande sabedoria, Dhammapada.